Eu sou como a flor da meia-noite.
Desabrocho quando todos dormem.
Fico a contemplar as estrelas
Sem nunca poder tocá-las.
Sou branca em meio ao preto,
Mesmo assim ninguém me vê.
Sigo a lua
E me escondo do sol.
Meu perfume segue com o vento,
Minha beleza somente é contemplada
Pelos vaga-lumes, gentis vaga-lumes.
E quando chega o amanhecer,
Eu me fecho,
E todos só me veem
No momento mais infeliz da minha existência.
E por que não ser assim?
Todos permanecem de olhos fechados
E eu olho o mundo
Do ponto mais bonito.
Ao amanhecer,
Eu me fecho,
O sol não queima meu rosto,
E eu não vejo
Nos olhos dos outros
O desprezo por uma flor diferente
Que prefere ser o que sente
E não o que os outros querem.
(Danielli)